quarta-feira, 29 de abril de 2009

Clarividência


Eu queria ser aquilo que não sou o fato é que, nós somos aquilo que não podemos ter, eu queria ter aquilo e não tenho isso.

Ver aquilo que sou, o que fui é nostálgico.

Eu fui concebido em 1990, mas já se passaram mais de nove anos e eu ainda não nasci, agora tenho meus dezoito anos; ainda não sei o propósito, eu, sou igual a todos, porém sou diferente porque não sei quem sou. Não sei ainda o que quero, sei, eu sei que desejo ser o que não sei o que é.

Os “mortos” falam comigo. Eles, eles não são maus. Não são, são meus anjos. Eu chamo de “mortos” esses personagens que não sei quem são.

Sei que uma hora dessas vocês deve esta se perguntando como assim? Como ele fala com os mortos? Não, não sou médio. Também não falo da filha da filosofia - religião -, também não sou um defunto que conta suas memórias, não vivo delas são nostálgicas.

É que um dia me transladei de alguma forma até sua dimensão: a dos “mortos”.

NÃO ESTAVA dormindo mais estava sonhando, nessa hora não sei acho que era alucinação. O sonho era bom. Tão bom que até os sonhos sonhavam. Tenho que dizer uma coisa, coisa essa que me da grande medo, medo que me tomem por alienado ou algo que a psicologia diagnostica como anormal, porém digo para não receber a alcunha de covarde como já antes fizeram, falo logo:

- Os mortos não estão mortos, os mortos estão vivos e dominam os vivos.

Faz tempo que eu vejo um menino nesse mundo que não é meu. Ele é pequeno aparenta ter doze anos, e não saber o que é viver. Tenho que expressar o que sinto agora:

- Viver é cruel.

Não que essa crueldade seja ruim, ela não é, a bailarina mágoa seus pés com a sapatilha de ponta, isso é cruel, mas ela não para de dançar por isso; os aplausos pagam.

Depois de parar e escutar algumas palavras ditas pelo menino, eu vi, a emoção dos meus olhos tinha me enganado. Ele falava-me sobre teologia, coisas de D’us, filosofia, história, literatura e até política, chegou a compara essas com raciocínios lógicos.

- Qual sua idade? Perguntei eu em minha curiosidade, o que provava a minha real mortalidade humana sempre presa as coisas do tempo, digo: mortalidade humana, porque nem sempre convivo com homens. O garoto disse aquilo que eu já tinha pensado. (Uma hora dessa eu já não pensava bem, por quê? Porque tinha parado com minhas consultas psicológicas). Ele disse:

- “Vocês homens são feitos todos iguais”. Ele falava, tenho que dizer, com muita sabedoria, contou-me que tinha nascido antes do mundo e que por isso era mais velho.

Contou-me do nada, de anjos e demônios, da paz, da liberdade, das guerras e dos escravocratas. Explicou-me sobre o ocidente e dos ventos do oriente, relatou-me da ganância dos homens, do sangue negro que vinha do oriente - médio, disse-me também que isso era o fundamento de todo o ódio, lá do meio do povo nós escutamos que a personificação do diabo e o ódio, eu vi o diabo.

Só agora eu pôde ver que ele sentia, ele chorou, o menino tinha seus traços de humano, a lágrima era uma gota de sangue, eu não perguntei por que ele chorava, não perguntei por que eu sabia.

Só agora eu sei, aquele garoto é o princípio. Ele, ele é o pensamento que pensou em criar tudo. Ele pensou em me inventar, em criar a humanidade, porém a guerra não é o final, os fins devem ser felizes para sempre.

Uma uva acabou de cair no chão. Ela não vai morrer, eu sei, o menino chorou e sua lágrima caiu na uva.

No começo uma pessoa plantou uma oliveira.




Um comentário:

Flávio Perri disse...

Rod,
formalmente há muita coisa a corrigir, creio conhecer a gênese das idéias que aí estão, mas merecem alguma formatação ainda que mantendo o surreal. Gosto da sua liberdade de pensar e do caótico que por vezes predomina. Pode ser um estilo. Bravo!